Tuesday, January 04, 2011

Origens: a UFC

Para quem tenha vindo a acompanhar este blog desde há cerca de cinco anos para cá, sabe que o tema principal é wrestling. Mas como já diz o tópico do post anterior, instalou-se uma nova "atitude" pelos motivos já explicados. Assim sendo, MMA, ou Mixed Martial Arts, será também aqui falado daqui para a frente.

Vários temas serão falados no que toca à UFC - ou Ultimate Fighting Championship, a empresa líder a nível mundial do desporto - mas para os fãs de wrestling (e não só) que não saibam o que é a UFC, ou mesmo MMA, fica aqui um pequeno "crash course".

Mixed Martial Arts (artes marciais mistas/congéneres) é, resumidamente, um desporto de combate "full contact", no qual se misturam artes marciais, e não marciais, sejam elas boxe, jiu-jitsu, luta greco-romana (não confundir este "wrestling" com o wrestling da WWE), taekwando, entre outros.

Tal como no wrestling, que reúne uma amálgama de estilos de vários pontos do mundo, o mesmo acontece com o desporto de MMA, que reúne várias influências europeias, orientais, sul-americanas, etcetera. O desporto foi baptizado de "Vale Tudo" no Brasil, e posteriormente foi trazido para os EUA pelos brasileiros Gracie no começo da década de 1990, onde se deu a sua maior difusão.

A família Gracie também foi fundamental para a criação da Ultimate Fighting Championship, visto que Rorion Gracie, mais conhecido como um praticante exímio de jiu-jitsu brasileiro, foi um dos seus fundadores.


Em 1992, Gracie junta-se ao empresário Art Davie, e no ano seguinte, sob a alçada do Semaphore Entertainment Group - um dos groups pioneiros do negócio de "Pay-Per-View" mais popularizado por Vince McMahon da WWE - a WOW Promotions ganha asas, e com o desenho inovador do actualmente popular Octógono - uma jaula de oito lados onde se realizam os combates - a promotora realiza então o seu primeiro grande evento para televisão, a origem de todos os UFC Live Events intitulado "The Ultimate Fighting Championship": um torneio de oito lutadores de vários estilos, sem limite de quantidade de assaltos, e com limite de tempo de cinco minutos por assalto.

O evento é visto nas casas de quase 87 mil assinantes, fazendo render a aposta inicial daquele que ambicionava ser apenas um único espectáculo de variedades marciais. O sucesso pegou, e de forma inesperada, é criado um novo desporto. Após uma estreia arrebatadora, e à semelhança da WrestleMania, seguem-se mais edições do evento "The Ultimate Fighting Championship".

Mas apesar do enorme sucesso, nem tudo são rosas. Em 1997, após a venda da WOW Promotions ao grupo SEG por parte de Art Davie e Rorion Gracie, com a popularidade em ascensão das MMA, e com a ausência quase completa de regras no "UFC", o evento cai na mira do governo. O senador (e actual ex-candidato à presidência dos EUA) John McMcain, instiga os governadores dos 50 estados a banir o evento, e a SEG não tem escolha senão colaborar com as comissões atléticas, introduzindo alguns dos elementos que já são tão habituais actualmente.

Algumas das mudanças são o uso obrigatório de luvas, a introdução de categorias de peso, e manobras como pontapear um adversário no chão, cabeçadas, ataques à virilha e puxões de cabelo são tornadas ilegais.

O novo desporto viria ainda a passar por mais mudanças, mas não antes de passar por uma nova crise: por volta de 2001, a SEG, ou Semaphore Entertainment Group, estava à beira da falência.


É nessa altura que o promotor Dana White, juntamente com os irmãos Lorenzo e Frank Fertitta III sediados em Las Vegas, no estado do Nevada, começam negociações com a SEG, vindo a comprar posteriormente o nome do evento UFC (que, entretanto já iria na 29ª edição) e a criar a Zuffa, a empresa ao abrigo da qual o nome UFC é registado.


Dana White

Dá-se assim, a lenta recuperação e ascensão de uma das maiores marcas de desporto do mundo, a Ultimate Fighting Championship; ascensão essa conquistada com patrocínios de marcas maiores e mais rentáveis, a realização de eventos em recintos de gabarito como o Trump Taj Mahal e a MGM Grand Garden Arena, uma maior adesão de assinantes dos PPVs, e ainda com o primeiro contrato televisivo com uma rede emissora, a Fox Sports Net.

Do UFC 40 para a frente, num espectáculo que conta com o campeão de meios-pesados Tito Ortiz e a antiga Superstar da WWE, Ken Shamrock, a UFC vê um sucesso vertiginoso com um cartaz que esgota a MGM Grand Garden Arena e que conta com 150 mil assinantes a ver o evento em casa.

É esta quadragésima edição do evento que vê o nome da UFC ser divulgado pela primeira vez no canal de desporto ESPN, e num dos jornais mais lidos nos EUA, o USA Today. É um sucesso determinante que inverte por completo o fraco sucesso comercial sofrido pela Zuffa, desde que comprara a marca UFC.

Sentindo a necessidade de colmatar as perdas totais de mais de 30 milhões de dólares (cerca de 25 milhões de euros) desde a aquisição da marca mesmo após o UFC 40, os irmãos Fertitta optam por aderir a um dos formatos de maior sucesso de sempre do mundo da televisão de forma a promover a marca e realizar um reality show.


Em 2005, dá-se, assim, a introdução do "The Ultimate Fighter", um programa que vê um grupo de pretendentes a lutadores lutar entre si por um contrato de centenas de milhar na UFC.


A ideia é rejeitada por várias estações televisivas, mas aquela que a abraça de imediato, e que se oferece para cobrir os custos de 10 milhões de dólares (sensivelmente 8 milhões de euros) é a Spike TV: emissora do programa líder da WWE, Monday Night Raw.

E é justamente após o Raw que a Spike TV aproveita para colocar o The Ultimate Fighter, aproveitando assim a "boleia" de milhões de fãs de wrestling para lhes apresentar um novo tipo de produto.


O sucesso é imediato, e a primeira temporada resulta numa final protagonizada por Forrest Griffin e Stephan Bonnar num combate que o próprio Dana White afirma como tendo sido o "salvador da UFC".


Alguns anos depois, com a continuação da série do Ultimate Fighter, com a introdução do programa semanal "UFC Unleashed", e com várias dezenas de eventos sob a alçada da sigla "UFC", a Ultimate Fighting Championship ganha um sucesso mundial que vê o seu expoente máximo no UFC 100, com o a desforra do antigo campeão e Superstar da WWE, Brock Lesnar e Frank Mir num evento que conquista um milhão e 700 mil assinantes pelo mundo fora.


Em 2011, a UFC goza popularidade em mais de 130 países, tendo já dado espectáculos ao vivo tanto na Alamanha, como no Reino Unido e em capitais emergentes do mundo oriental, como o Dubai.

Futuramente, estabelecerei alguns comparativos com a WWE e tentarei entrar em debate acerca do que distingue a UFC e como as duas empresas podem aprender uma com a outra, com as suas diferenças e semelhanças.

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