Como puderam ver na passada Sexta-feira, tivemos na Radical o Best of 2005 do Raw, a que nos temos habituado no fim de cada ano nos EUA, ou começo de cada ano cá, dada a diferença de emissão. Vou partilhar este post em duas vertentes: tradução/legendagem e análise enquanto fã.
No que toca à tradução:
Lembro-me de quando eu mal tinha começado a traduzir e legendar o Monday Night Raw em 2004, que a segunda edição foi um Best Of, com o Coach e o King a apresentar. Os destaques da altura tinham sido Shawn Michaels contra Chris Jericho na WrestleMania XIX (ganhou o Shawn Michaels), The Rock contra Goldberg no Backlash de 2004 (ganhou o Goldberg), Ric Flair contra Triple H pelo título Mundial (ganhou o Triple H) e a Team Bischoff contra Team Austin na Survivor Series com o emprego de Austin em jogo (ganhou a Team Bischoff).
É, também, interessante ver os passos largos que o meu trabalho tem dado desde então e certas soluções que tive na altura que já não mantenho... É um processo sempre criativo e sempre em evolução, a tradução. Um tradutor nunca estará 100% satisfeito com o seu trabalho, dado que dia após dia aprendemos coisas novas e magicamos soluções que de repente se demonstram mais adequadas para o objectivo em mente mais tarde, do que na altura. Mas vou tentando ser o mais criativo possível, utilizando uma tradução adequada sempre que possa. A vantagem jaz no facto de, com cada coisa nova que aprendo, para a próxima não cometer o mesmo erro. Dá-se, assim, o progresso.
Foi sem dúvida positivo a Radical comprar 90 minutos semanais de Raw, em vez dos 45 habituais de 2004. Se no ano de estreia, já dedicava quase uma semana de trabalho a traduzir e legendar o Raw e Velocity, em 2005 cheguei até a trabalhar aos fins-de-semana de modo muito regular, de modo a adiantar trabalho para quando fosse de férias e a grelha não fosse prejudicada. A lembrar que, com férias ou não, tenho sido a única pessoa (salvo raras excepções) a trabalhar nos programas, que chegam todas as semanas, tendo criado entretanto um estilo muito próprio para as séries, que necessita de manter uma coerência para não prejudicar o produto.
Ainda num aparte de legendagem, é curioso legendar os "Best Of" do Raw e do SmackDown!, porque ao mesmo tempo que implica a tarefa fácil de pegar em combates já legendados e inseri-los nos pontos certos, também implica a dificuldade de encontrar os ditos combates entre as dezenas de ficheiros de cada programa! É uma espada de dois gumes interessante.
No que toca à análise:
Foi um ano de alguma mudança para a WWE, a começar com os novos campeões, John Cena e Batista que destronaram JBL e Triple H, respectivamente. Apesar de compreender que os títulos sejam atribuídos às pessoas com mais popularidade e com a maior aposta (ou "push"), sempre dei mais valor à mudança de 2004, altura em que o Chris Benoit e o falecido Eddie Guerrero ganharam os prestigiados títulos. Simplesmente porque sou da opinião que, se o objectivo do wrestling é tornar os combates credíveis, maior objectivo devia ser tornar o "desporto" do wrestling credível - e para tal, é preciso aqueles que o façam melhor, como os nomes referidos, nos maiores lugares da empresa (e do Sports Entertainment).
Penso ter havido um contraste grande pela negativa de 2004 para 2005, na medida em que atribuíram os títulos a pessoas populares, mas não as melhores no que toca à credibilidade. É certo que a grande mais-valia do John Cena é o carisma, mas por mais que goste do Batista (e simpatizo bastante com o personagem), foge-me um pouco à compreensão o porquê de o terem nomeado campeão, senão pelo simples motivo de concluir a rivalidade com o Triple H em alta e arejarem a casa um pouco do ar que já se estava a tornar abafado, e também daí o personagem do Batista ser popular porque estava a fazer frente ao Triple H no conflito entre os dois. Fico feliz tanto pelo John Cena como pelo Batista, mas penso que podiam ter encurtado um pouco o reino de ambos.
Para além disso, tivemos a mudança dos títulos de uma marca para a outra, que deixou toda a gente a, passando a expressão, "bater mal da bola": o título da WWE para a marca Raw, o título Mundial para a marca SmackDown!... Talvez seja o meu "eu" tradicionalista a falar, mas sempre preferia mais o sistema a que estávamos habituados. Na minha opinião pessoal, faz todo o sentido manter o título Mundial (que me faz lembrar o contexto "mundo", logo mais abrangente) no programa que é incontornavelmente mais importante, o Raw, dado pelo simples facto de ser emitido ao vivo, sendo-lhe conferida, assim, uma maior dimensão. Tal como, por conseguinte, me faz todo sentido que o título da WWE (que me faz lembrar a organização, e logo mais pequeno, mais limitado) esteja na SmackDown!. Se o propósito era causar choque aos fãs, algo sem o qual o ramo não sobrevive, a missão foi cumprida; só não sei se pela positiva.
E claro, não se podia deixar de referir o conflito-pessoal-tornado-"work" entre Matt Hardy e Adam Copeland (Edge) em torno da Amy Dumas (Lita). As opiniões são várias e divergentes e ainda para mais vistas de fora sem realmente se conhecer ao certo a situação entre os três; o que é facto é que resultou numa série de combates empolgantes (marcados pelo "leg drop da lua" no Combate de Jaula do Unforgiven) realizados no decorrer de 2005, que terminaram com a saída de Matt Hardy da Raw para a SmackDown!. E se há males que vêm por bem, este foi sem dúvida um deles, pois elevou o Matt Hardy do estatuto de "mid carder" para "top carder", estatuto esse que, com alguma sorte e aposta do Vince e companhia, será mantido nos próximos tempos.
O combate do ano, na minha opinião: Kurt Angle contra Shawn Michaels na WrestleMania 21.
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