Friday, September 23, 2011

(Aquele que seria o) SmackDown World Tour


Penso que por esta altura já não seja novidade para ninguém que o espectáculo que ia decorrer a Domingo, dia 13 de Novembro no Pavilhão Atlântico foi cancelado. É verdade, o SmackDown World Tour pelos vistos não vem para esta parte da Europa.

Há quem diga que era por causa da fraca venda de bilhetes. Mas há que colocar em causa o cenário mais lógico: o calendário.

Desde a iniciativa da WWE de juntar o SmackDown ao Raw com o WWE Super Show, que os grandes nomes da marca azul como Randy Orton, Sheamus e o recém-coroado Campeão Mundial Mark Henry tem visto trabalho a dobrar, estando obrigatoriamente presentes no Raw (e daí a indisponibilidade de virem a Portugal, o que invalida o espectáculo) liquidificando um pouco o seu programa principal - o dito SmackDown! - provocando quase uma redundância na sua existência.

Sim, poderá dizer-se que aumenta a "brand awareness", e que a marca fica mais visível... Mas a verdade é que só dilui todo o conceito inicial da "brand extension", criado de há nove anos para cá, e que hoje em dia qualquer programa da WWE... é WWE. Pura e simplesmente. É até conhecido o caso de Alex Riley, que no último Draft terá sido supostamente "recrutado" para ir para o SmackDown, mas o que é facto é que permanece um nome assente (e ascendente) no SmackDown.

Mas pior ainda é quando o calendário obrigatório incentiva ao cancelamento de datas e tournées, em prol de validação da marca WWE como todo para os accionistas.

O que alimenta qualquer produto, seja ele wrestling, ou outro qualquer? O público. Os fãs, neste caso. E parece-me completamente inconcebível que alguém na WWE ache boa ideia sacrificar os fãs e constantemente "adiar" (uma palavra bonita. Não há previsão de regresso. Cancelado é o mais certo) espectáculos prometidos noutro país que não os EUA, ou na Inglaterra.

Ora, se eu vendo calças, mas se quando o público mas quer comprar, lhes digo constantemente que não há, perco público e apoio do mesmo, certo? Parece-me que seria a lógica... Mas infelizmente, como em tudo na vida, nem tudo é assim tão lógico.

Na WWE, o Raw é a marca soberana. Ponto. Vince McMahon assim o decretou, e assim será enquanto todos viverem e trabalharem sob a sua égide. Mas torna-se lamentável quando os objectivos são mais ambiciosos do que "apenas" entreter os fãs.

Coloquemos o cenário hipotético de realmente o Pavilhão Atlântico ter vendido assim tão poucos bilhetes para o espectáculo. Meia casa, vá lá. Mas é assim tão mau venderem bilhetes para "apenas" cinco mil espectadores? É verdade que tem que haver algum lucro, e as despesas têm que ser pagas, mas mesmo que se chegue ao "break even", o ganho não será maior logo em termos de fidelização dos seus espectadores, da publicidade que ganham com a sua vinda, e do passa-palavra que daí advém?

"A nossa missão é pôr sorrisos nas caras das pessoas", diz Vince McMahon. Não sei... Cada vez mais a missão parece ser pôr sorrisos nas caras dos accionistas. E é verdade que é um negócio, e como tal, tem que render. Só assim a WWE chegou onde chegou, e de forma geral, tem feito um excelente trabalho. Mas casos como estes dão que pensar, e são suficiente para o público começar a virar as costas à marca azul - que pelo que consta, não tem andado a mais famosa em termos de receptividade mesmo no seu país de origem - e à WWE, como um todo.

E com o novo contrato que a WWE fez com a Radical, no sentido de transmitir o SmackDown, não faria sentido virem na mesma, nem que fosse apenas para reforçar a aposta na marca em Portugal, o que por si potenciaria as audiências, nem que fosse apenas um tracinho na agulha? Quer-se melhor "veículo publicitário" e passa-palavra do que esse? Afinal, aquilo que se nota, é um desinteresse completo e uma máquina cada vez maior e mais complexa, que começa a correr o risco de se auto-consumir na sua "vaidade" e nos seus ideais.

Leia-se como se ler, o que é facto é que Portugal foi novamente posto em segundo plano para a WWE, e isso não incentiva a que os seus leais (?) espectadores continuem a acompanhar o produto.

Em suma: um tiro no pé. É pena.

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