Perspectiva: Rescaldo WrestleMania XXVI

* AVISO: ESTE POST CONTÉM SPOILERS *



Mais um grande mega-evento proporcionado pela WWE, este ano a 26ª edição do fenómeno verdadeiramente global, WrestleMania.

Fazendo uma rápida apreciação, feitas as contas, foi realmente uma boa edição da WrestleMania, que trouxe muitas surpresas. Não daquelas de última hora (essas contaram-se pelos dedos), mas sim no sentido de nos enganarem um pouco.

Quase todas as previsões que fiz saíram completamente fora, tendo acertado apenas nos resultados do Campeonato de Tag Team, Bret Hart vs. McMahon e Shawn Michaels vs. Undertaker. E considero isso extremamente positivo. Significa que às vezes pensamos que temos tudo estudado, e que é tudo tão previsível na WWE, e afinal acaba por não ser, o que é excelente sinal para o futuro, ou pelo menos o imediato.

Foi, decididamente, uma noite para heróis.

Campeonato de Tag Team e combate Rey Mysterio vs. CM Punk à parte (o primeiro, um combate curto com um resultado previsível, o segundo, interessante mas não tanto), gostei particularmente do combate intenso entre os Legacy e Randy Orton.

A razão pela qual achava que Ted DiBiase ia ganhar deve-se à sua personagem, que está a ficar cada vez melhor, a desenvolver uma intensidade muito parecida com a do Randy Orton, mas com o seu próprio estilo. Se Randy Orton foi o grande vencedor da noite, o filho do agora consagrado "Million Dollar Man" dará certamente que falar no futuro.

A derrota de Sheamus surpreendeu-me um pouco, na medida em que a WrestleMania costuma ser não só o panteão para as grandes lendas, como também a rampa de lançamento de novas estrelas (tal como no Money in The Bank), e por isso estava perfeitamente convencido que seria a sensação escocesa a ganhar.

Em vez disso, foi Triple H, e no fundo, melhor não se podia pedir: toda a gente quer ver o herói ganhar, e é disso que se trata uma WrestleMania.

E por falar em novas estrelas e novas sensações, quem diria que Jack Swagger ganharia o "Dinheiro Garantido"? Confesso que fiquei absolutamente boquiaberto, tendo em conta a aposta da WWE no jovem de Oklahoma que vai variando de intensidade, como se de uma mudança de disposição se tratasse. Ora há pirotecnia, ora não há...

Mas prevê-se pirotecnia, sem dúvida, no futuro de Jack Swagger, pois como indica a tendência, todos os vencedores do "Money in the Bank" se tornam campeões... Mas também sabemos que na WWE tudo pode acontecer, e há sempre alguém que quebra essa tendência. O futuro dirá.

E depois passámos à parte da noite mais dedicada aos veteranos da WWE, a começar com John Cena vs. Chris Jericho. Ambos são lutadores incontestavelmente exímios a nível técnico, mas confesso que não foi um combate que me deixasse em pulgas. Já a vitória para Jericho é que foi surpreendente, dado que, conforme referi, esperava completamente que Edge ganhasse o Título Mundial.

Temos então um prolongamento da história, e o futuro dirá se o ex-Campeão Mundial por nove vezes voltará a ganhar o seu título de forma "Irreverente", ou se será o astuto Chris Jericho a mantê-lo durante mais uns bons tempos.

Um dos combates mais fracos da noite foi o de John Cena vs. Batista pelo Título da WWE. Ou por outra... Foi fraco e não foi, dado que o combate parecia estar amaldiçado de pequenos e grandes "botches" (como o DDT em que John Cena aterrou de cabeça) que me deixaram a coçar a cabeça... Supostamente, espera-se melhor destes atletas que já estão na WWE entretanto há quase dez anos.

Mas dando o devido mérito, e reconhecendo que todos somos humanos, há dias em que a coisa não funciona muito bem, e infelizmente para o "Animal" e para o novo Campeão da WWE John Cena, Domingo foi um deles. Se o combate tivesse corrido melhor nos pontos mais fracos, sem dúvida que a média subiria. Assim, temos a vitória do derradeiro herói da WWE, John Cena, para agrado do Universo WWE "PG" (maiores de 12) e para os acérrimos fãs do "Chain Gang Soldier".

Mas a desilusão da noite, que me fez desejar que o combate não tivesse passado de um "fantasy" match, foi Bret Hart vs. Vince McMahon.

Todos sabemos que Bret Hart nunca mais voltará a ser o mesmo depois do infeliz AVC que sofreu há alguns anos. E todos sabemos que Vince McMahon pode achar que nunca vai morrer na história, mas os 65 anos já se começam a mostrar.

Assim, ao contrário de uma batalha pessoal e inexorável entre McMahon e Hulk Hogan na WrestleMania XIX, onde até comentadores foram parar ao "hospital", tivemos um combate arrastado com várias ameaças de Sharpshooter com a família Hart a "molhar a sopa" (surpresa essa, que no início, até foi agradável).

Mas depois de alguns minutos, a rotina já enjoava, e até o próprio Bret Hart já parecia cansado, conforme evidenciado pelos minutos que passou sentado à cadeira a ver o seu antigo patrão a sofrer no chão, enquanto não lhe dava com um pé-de-cabra que parecia falso, de forma tão atroz.

Tento ver este combate pela positiva: foi a última oportunidade para os fãs do "Hitman" verem o seu herói ao vivo, e nesse aspecto, Bret Hart não podia ter sido apresentado em maior palco com maior pompa e circunstância. Mas são essas, e apenas essas, as recordações que vou levar deste combate, esquecendo por completo que ficou muito aquém da expectativa mínima e razoável que se podia ter.

Mas para culminar a noite em grande forma, e em pleno espectáculo: Shawn Michaels vs. Undertaker II!

Reconheço que o início do combate (os primeiros 10 minutos) foram algo mortos, mas um sentimento persistia: quem vai sair daqui vencedor? Claro que, pensando a frio, a resposta parece "óbvia": o Undertaker. Mas com o desenrolar do combate, cheguei a ter alguma apreensação no que toca à "Streak" do Undertaker, e se esta se manteria de facto intacta.

Mas após esses primeiros dez minutos, a acção começou a ganhar ritmo, o combate começou a ficar ainda mais pessoal, e aí senti realmente que tínhamos um combate do caraças!

A noite acabou numa nota extremamente positiva com Undertaker a mostrar o máximo respeito por Shawn Michaels, e este a retribuir o gesto.

Sinto apenas que Shawn Michaels (e se era realmente a "reforma" dele), devia ter tido mais festa aquando da sua despedida. De nada custa carregar no play do leitor de CD's para passar a música do "Heartbreak Kid" para que o público sentisse que a despedida de Shawn Michaels tinha realmente o grau de respeito que merecia.

Ainda assim, foi um combate que preencheu as medidas, quase tão bom (ou até melhor) do que o combate do ano passado, e que acabou a WrestleMania em grande festa.

Também há que dar muito mérito à fantástica equipa de produção da WWE, que mais uma vez, nos volta a deixar boquiabertos com um cenário em palco que lembrava as pirâmides dos Astecas (fez sentido, já que Arizona faz fronteira com o que é agora o México) repleto de luzes, uma quantidade abismal de ecrãs gigantes, e a pirotecnia interior e exterior da praxe, que nunca se torna enjoativa.

Particularmente nesse aspecto, não há empresa alguma, dentro ou fora do wrestling, que saiba dar o magnífico espectáculo em tão larga escala que a WWE dá aos seus fãs. Realmente um trabalho de se tirar o chapéu.

Recomendo também que visitem a secção WrestleMania no WWE.com, que conta não só com as fotografias do costume, como também uma visita 360º ao estádio (que lembra um pouco a secção "Ringside" criada por mim no meu último WrestleMania Report!).

E por este ano é tudo. Faltam neste momento 364 dias... para a WrestleMania XXVII, dia 3 de Abril de 2011 em Atlanta, Geórgia.

Conto estar lá!