
Já que há mais tópicos para falar do que aquele que se tem tornado o único tópico de conversa (e a um nível quase obsessivo ao longo de grande parte da comunidade de wrestling) e já que o tema do Pay-Per-View de amanhã se empresta a isso, quero então fazer a minha análise ao mais recente livro do autor de best-sellers, Mick Foley, "Hardcore Diaries".
O livro, como já refere o nome, propõe-se a ser um diário. Não um diário no verdadeiro sentido da palavra, com 365 entradas ao longo de um ano, mas sim um registo regular e frequente de uma época especialmente marcante para Mick Foley, que engloba os meses antes e após o One Night Stand de 2006 (na altura, ainda categorizado como "ECW One Night Stand").
A apresentação do livro está muito criativa e original, demonstrando que a WWE está a ter um interesse muito grande no seu departamento literário, obviamente gerado pela grande procura dos fãs por este género no wrestling da WWE, que há cerca de uma década seria praticamente impensável. Mick Foley não merece apenas o mérito de bom escritor, como também o inovador de livros de wrestling, já que foi o mesmo que deu origem a um novo mercado no seio de produtos WWE.
Fita gaffa, fita cola branca, pioneses, arranhões, e alguma sujidade (todos estes elementos fictícios e graficamente representados, como é óbvio) decoram aquela que parece ser uma sebenta antiga muito grande, habitualmente usada para pequenas notas, do género de um caderno de armazém. Um toque muito bem pensado para um livro "Hardcore".
Quanto ao conteúdo em si, Mick Foley foca, acima de tudo, as ideias que ele apresentou para o programa com Edge, Tommy Dreamer e Terry Funk, e leva-nos da sua concepção à sua execução, e os modos como as suas intervenções foram alteradas por forças maiores.
Mais do que antes, até, a "Lenda de Hardcore" fala-nos da sua vida pessoal, das suas experiências com a família (mais próxima e mais distante, como é o caso da "filha" filipina adoptada e da madrinha de Huey, a ex-Campeã Feminina Melina) e de acontecimentos pessoais de modo geral, de alguma maneira ligados ao wrestling.
Foley mantém os seus talentos literários em forma, de vez em quando surpreendendo-nos com pequenas voltas humorísticas que ele dá a uma questão, que provocam sempre uma gargalhada de uma "piada bem pensada".
O problema com este livro, é que se perde muito em detalhes, por vezes até desnecessários (ou assim consideramos nós), e que não ajudam a conduzir a história para a frente. Confesso que, ao passo que os seus recontos de interacções de foro criativo e/ou pessoal com o Vince McMahon me entusiasmavam, por vezes era-me penoso voltar a pegar no livro para chegar até ao fim, dado o mar de detalhes e pormenores em que, por vezes, somos obrigados a afundar-nos.
Feitas as contas, o livro não é nada mau. Tem histórias bastante interessantes, e uma perspectiva que só mesmo uma Superstar da WWE pode ter - neste caso, bastante honesta até (que nos leva a louvar o facto de Vince McMahon ter aprovado o livro, já que Foley, por vezes, o critica tão abertamente).
Mas talvez houvesse algo a ganhar, se o livro não fosse tão grande, e fosse mais sucinto e resumido no seu conteúdo. Penso que aí, sim, teríamos um belo sucessor aos livros que Mick Foley já lançou, e com os quais teve tanto sucesso.
Feitas as contas, recomenda-se.
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