Saturday, May 13, 2006

Retrospectiva: SummerSlam 2005



Em seguimento da Restrospectiva do King of the Ring, pensei em abrir uma nova secção (mais uma!) com o mesmo nome: Retrospectiva. Ocasionalmente, e porque o passado contribuiu para vibrarmos com o wrestling, colocarei um artigo sobre um dos produtos da WWE.

O desta edição é o SummerSlam 2005. Nós sabemos que um Pay-Per-View é bom quando damos por nós a vê-lo mais do que uma vez e quando os combates realizados simplesmente não nos saem da cabeça.

E foram tantos num cartaz poderosíssimo: a começar pela combate surpreendentemente curto entre Chris Benoit e Orlando Jordan, no qual o "Rabid Wolverine" derrotou o Campeão dos EUA na altura em 23,5 segundos. À espera de um combate técnico e empolgante como só o "Crippler" nos consegue trazer, lembro-me de ter ficado chocado com a desistência do ex-Ministro Adjunto de JBL, Orlando Jordan.

A seguir tivemos o confronto muito aguardado entre Matt Hardy e Edge: o culminar de meses e meses de cânticos "We Want Matt!" do público, após o homem por trás de Edge, Adam Copeland ter alegadamente levado Amy Dumas (Lita) a trair Matt Hardy, terminando assim uma relação de seis anos de um modo muito feio. O combate foi nitidamente intenso e lembro-me de ficar a pensar que, "work" ou não, as emoções eram muito reais e que era só uma questão de um deles querer para dar um murro ou outro mais "stiff" do que o programado. Também este combate acabou de um modo inesperado, pois o árbitro mandou soar a campainha por KO (algo que até agora, só tinha visto acontecer nos jogos para PlayStation), deixando o público um pouco desiludido. Porém esta rivalidade teve a sua continuação e este combate mostrou-se como uma boa "entrada" para momentos inesquecíveis (como o "leg drop da lua" de Matt Hardy no Unforgiven de 2005).

E nesta altura, não se cantava "Eddie! Eddie! Eddie!" mas mais "Eddie sucks", pois o nosso Eddie Guerrero, numa altura em que ainda nos podia trazer alegria, (ou desgosto neste caso, enquanto "heel") estava envolvido numa rivalidade amarga com Rey Mysterio, que girava à volta do filho "adoptivo" de Eddie.

A premissa: Dominick, a criança que Rey criara e educara desde bebé, tendo sido dada pelo bom amigo Eddie, era agora clamada por este, numa tentativa de vingança da maré de derrotas sofridas por Eddie, já que este nunca oficializou a adopção com Rey e a mulher. O resultado: um pesadelo perturbador que durou meses, e que finalmente culminou neste SummerSlam.

E que combate foi... Um espectáculo como só esta dupla nos conseguia trazer, com manobras e um atletismo que nos puxa por completo para dentro do combate, que cumpre dignamente a função de qualquer combate de wrestling de qualidade: puxar-nos para a ficção e levar-nos a crer que tudo é real. Dada a enorme amizade real que existia entre os dois e o valente apreço pelo trabalho um do outro, penso frequentemente que, história à parte, os meses passados a trabalhar juntos são capazes de ter sido um sonho concretizado para Eddie Guerrero e Rey Mysterio. E que grandes momentos nos deixaram...

Tivemos ainda os combates entre Eugene e Kurt Angle (talvez primariamente por quererem ter Angle no cartaz, concluindo assim o "Desafio de Kurt Angle" que se prolongava nos meses anteriores), Undertaker e Randy Orton que havia retornado de uma lesão ao ombro, e Chris Jericho contra John Cena pelo Título da WWE e JBL contra Batista pelo título Mundial (com uma "Batista Bomb" poderosíssima em cima dos degraus!)... Mas se há combate a destacar é Hogan vs. Michaels, os cabeças de cartaz (muito merecidamente).

Uma rivalidade que tinha crescido nos meses após a WrestleMania e de acordo com o pedido dos fãs na cerimónia do Corredor da Fama por "só mais um combate", este duelo assombroso culminou após muitos meses de gestos insultuosos e agressões verbais, acima de tudo por Shawn Michaels, que alegadamente ia metendo alguns comentários "shoot" pelo meio, mais a promo planeada a imitar o "Hulkster" num programa a imitar o do Larry King da CNN.

A emoção era praticamente palpável: dois homens que, segundo consta, não podem um com o outro. Num misto de história com realidade, Michaels acusava Hogan de viver uma reputação que havia criado há 20 anos e que deste então não havia evoluído, ao passo que Michaels se reinventava a todas as oportunidades (dito com fundamento e verdade) e que, consequentemente, roubava o espectáculo.

Hogan, não querendo ficar para trás, numa noite aberta pela Guarda de Honra dos EUA, em que soldados lesionados do Exército Americano foram convidados para assistir a este grande evento, fez uma entrada memorável quando uma bandeira americana gigantesca se desenrolou a partir do tecto, acompanhada da sua habitual pose ao estilo de um Mister Universo.

Michaels deu-nos o que podemos sempre esperar dele: um grande espectáculo, iniciado logo na sua própria entrada, na qual a pirotecnia rebentava incessantemente em cima da estrutura do TitanTron.

Dez minutos de cortar o fôlego - e isto só nas entradas - já para começar aquele que, em suma, provou ser o combate da noite e precisa ser visto e revisto para apreciar propriamente.

Ambos tiveram uma presença excepcional com a muito celebrada vitória do Hulk Hogan a fechar as hostilidades.

E foi assim o SummerSlam do ano passado, que tive todo o prazer em rever. O que nos esperará na edição de 2006? É esperar para ver...

No comments: