Boas surpresas

É raro eu comentar um episódio do Raw ou do SmackDown! na Radical, mas neste passado SmackDown!, houve dois combates em especial de que eu gostei: Lashley vs Finlay e a desforra do No Way Out pelo título Mundial entre Kurt Angle e Undertaker.

A começar pelo novato Lashley, penso que agora sim, é merecedor da produção que lhe é dedicada, da pirotecnia e acima de tudo, da aposta. Ocasionalmente, há combates que lançam estrelas (they are "made", como eles dizem em inglês), que realmente lhes conferem um estatuto de maior respeito aos olhos dos seus iguais, dos agentes e dos fãs - e por mais curto que tenha sido esse combate, penso que o fim foi absolutamente explosivo e de grande importância para a carreira de Lashley, um muy condecorado, mas bruto e fisicamente impressionante atleta (o currículo do senhor fala por si) que enfrentou um veterano como Fit Finlay - um irlandês brigão (já diz o Jorge Botas!) e carrancudo. Resultado: receita para pancadaria, deveras interessante e empolgante. Dois estilos opostos, mas que se complementam, com uma agressividade selvagem em comum, que realmente cumprem o propósito de um combate: puxar o espectador para o mesmo. Após um final majestoso entre estes dois touros, a missão foi absolutamente cumprida, deixando-nos expectantes para futuros desenvolvimentos. (E se gostaram do que viram, vão adorar o próximo SmackDown!)

Mas um combate digno de uma WrestleMania, por exemplo, foi mesmo Undertaker vs Kurt Angle, que sofreu apenas pelo timing em que foi realizado, não sendo realizado no dito Pay-Per-View dada a história já existente à volta do título Mundial. Mas se há palco em que devia ter sido realizado, teria sido mesmo no "Maior Palco de Todos".

Estamos a falar de dois dos atletas mais condecorados e respeitados da WWE: o "Morto" com um historial imaculado de 13 vitórias e 0 derrotas na WrestleMania, que nunca desistiu na sua carreira, já detentor do título da WWE (na altura WWF) por quatro vezes (e também dos títulos de Tag Team na WWE e WCW, bem como o tíulo de Hardcore), que simplesmente não se vai abaixo, em contraste com o medalhista de ouro olímpico de 1996, Kurt Angle, galardoado com o referido prestígio nas Olimpíadas do referido ano em free-style wrestling, detentor de todos os títulos disponíveis à sua categoria de peso, como o título Europeu, o título Hardcore, o título Intercontinental, o título de Tag Team, o título da WWE, o título Mundial, tendo sido King of the Ring de 2000.

Também dois estilos algo diferentes, entre duas Superstars que não só sabem lutar, como são mestres absolutos em engolir-nos por completo na história, provando-nos o porquê de serem dois dos nomes mais respeitados das últimas duas décadas, sem dúvida merecedores de um lugar no Corredor da Fama algures no futuro.

O Undertaker, com os seus 2,05m, ainda assim é um homem que se mexe a uma velocidade estonteante para o tamanho, sabendo lutar, convencer o público e tê-lo por completo na palma da mão, seja com a entrada, seja a falar, seja no ringue.

O Kurt Angle... Não é preciso dizer muito. Uma intensidade extrema (melhor palavra não me ocorre) em tudo o que faz e do modo como o faz, não precisando de qualquer elogio para um mais que reconhecido e galardoado talento para lutar maioritariamente na vertente de "grappling", que lhe garantiu o estatuto que tem na WWE e fora dela.

Foi daqueles raros combates em que voltei a ver a cassete de trabalho já legendada, antes sequer de ser emitida, só para poder gozar o combate novamente, com a atenção que merece, apreciando um dos melhores exemplos que me leva a ser fã acérrimo da WWE, como também a razão pela qual esta é a melhor no espectáculo que proporciona.

São combates destes que nos fazem sentir miúdos novamente, a descobrir o que é o wrestling, antes sequer de aprendermos que feitas as contas, é um espectáculo coreografado... mas em alguns casos, um verdadeiro espectáculo. Foi realmente um prazer enorme poder desfrutar de um combate destes.

São pequenas surpresas com as quais nos deparamos de vez em quando, que nos fazem ansiar pelo próximo episódio.