Foi hoje que consegui finalmente ver o TNA Impact da passada segunda-feira. Admito que não sou fã, mas dado todo o "hype" à volta daquela que foi chamada pontualmente de "Monday Night War" (singular), tendo em conta que era a estreia de Hulk Hogan, e tendo em conta que era uma emissão em directo a fazer frente ao RAW, achei que, enquanto fã de wrestling, só faria bem em ver o que andam a fazer os "vizinhos". Quem sabe, podia ser uma noite mágica, o início de algo bastante promissor e novo, e eu gostaria de ver esse tipo de programa a tempo.
Já na Terça de madrugada, conforme já relatado, vi o Monday Night RAW que contou com o regresso de Bret Hart (que me levou a "pimp my blog"!) e toda a interacção do mesmo com Shawn Michaels e Vince McMahon, após o sucedido em Montreal, foi o ponto alto da noite.
De cabeça, assim de repente, também destaco o Campeonato de Tag Team entre os DX e o Jerishow, que foi um combate digno de PPV, em médio-escalão. E como é evidente, todos os sketches mais orientados para o entretenimento também foram bem recebidos, como é exemplo do sketch que contou com Hornswoggle num dos momentos mais cómicos em que já o vi até hoje.
O Sheamus como Campeão da WWE é que ainda não me entra na cabeça por motivo nenhum.
Posto isto, e tendo alguma curiosidade face à "concorrência", decidi então ver o tão aguardado TNA Impact, que viu o regresso de Hulk Hogan, com emissão em directo à mesma hora que o Raw... E começo já por dizer que, se o objectivo era (como devia ser) puxar novos espectadores a longo prazo, no meu caso, esse objectivo não foi conseguido.
Consta em várias fontes da Internet que a quantidade de telespectadores nos EUA para o Raw foi aproximadamente de 5,6 milhões, ao passo que o Impact, no seu ponto mais alto, granjeou 2,2 milhões, que equivale à maior audiência da História da empresa. A grande pergunta é: conseguirão mantê-la? A minha resposta pessoal e muito franca: não.
Penso que será ingénuo pensar que, só por causa da entrada anunciada de Hulk Hogan que o Impact agora passará a ter este tipo de média de audiência. A razão pela qual o número foi tão alto, foi porque a TNA ousou dar um passo em frente e fazer a sua primeira emissão em directa face ao programa "prime time" e em directo da maior empresa de wrestling do mundo, o Monday Night RAW.
Na verdade, o público estava ansioso por esta "Monday Night War", talvez com uma certa nostalgia provinda das famosas Monday Night Wars dos anos 90, e que tanto contribuíram para o "boom" do wrestling, numa tentativa da ex-WWF tentar suplantar a WCW e vice-versa.
Mas esses tempos já lá vão, e a realidade existente agora cinge-se à existência dos programas de referência das duas empresas, RAW e Impact, e o que é facto é que a TNA podia ter apresentado um programa bem melhor do que aquele que, no cômputo geral, apresentou - mas para isso, a TNA, Hulk Hogan ou não, tinha de ser, no seu cômputo geral, estruturada de uma forma inteiramente diferente.
Há uma razão para a WWE ter o sucesso que tem, e não é à toa. Para além dos largos anos de experiência que esta possui no ramo, tendo sempre adquirido a maior parte dos grandes nomes do mundo do wrestling, e a juntar às suas emissões em directo semanais e mensais (com os PPVs), a WWE é uma empresa com pés, cabeça, e muita estratégia. Estratégia essa que falta à TNA.
Há também uma razão para a WWE ser PG (ou seja, com um conteúdo para maiores de 12): porque, de tanto apanharem na cabeça da parte de uma pequena, mas significativa fatia do seu público (ou dos pais desse público), e da parte dos seus patrocinadores pelo conteúdo mais explícito e violento que apresentava, a WWE tomou juízo e percebeu que tinha de formatar o seu conteúdo para uma versão mais acessível, e a razão é muito simples: para fazer negócio. É a razão pela qual qualquer empresa existe. Sem rendimento, não há negócio, e sem patrocinadores, o rendimento sofre.
Claramente, é uma perspectiva que a TNA prefere ignorar, o que se evidencia por algumas pobres escolhas para o seu conteúdo, tais como uma suposta "Diva" (na TNA chamam-se "Knockouts") de nome ODB, que não passa de uma versão toda tatuada e feminina (se é que posso usar esse termo) e de aspecto bruto do "Stone Cold" Steve Austin, sendo ainda que a mesma leva um frasquinho de "pomada" para dentro do ringue, e se for preciso, luta a bebê-lo, para depois dar umas valentes palmadas no seu próprio... traseiro, e demonstrando ainda, que, ao que parece, tem uma acentuada comichão numa zona mais sensível... Pois. Acho que o próprio Stone Cold tem mais classe que a referida ODB.
Outro exemplo também curioso, e que mostra como é que a TNA escolhe o seu público a dedo para nomear a sua voz para o público em casa, foi uma fã que foi entrevistada numa reportagem (reportagem essa, cortada à faca, visivelmente!) à porta da Impact Zona na Universal Studios, que afirmou querer ver a TNA por causa dos "homens grandes e transpirados". Já outra, queria ver sangue. Claramente, a nata da nata dos fãs da TNA estava presente e em peso, para esta histórica emissão.
Mas não me admira muito que os fãs sejam assim, num programa em que há inclusivamente strip-poker em directo (ainda que, sendo justo, não de forma explícita) e em que, pelo menos em duas ocasiões, dois dos talentos falam em dinheiro de forma mais conspurcada, como se no fundo, o objectivo não fosse a lengalenga habitual de lutar por paixão, e para entreter os fãs. (Nomes em causa: Kevin Nash e Scott Hall).
Que os lutadores queiram ganhar o seu, é perfeitamente compreensível; quem não quer? Mas dizê-lo de forma pública num programa de entretenimento que vive dos fãs, já é - e repito - uma enorme falta de classe, que só mostra o cuidado (ou falta dele) que a TNA tem com o seu produto.
Portanto neste assunto, ao passo que a WWE também já teve algumas práticas destas, depois de perceber o que funcionava realmente para um maior apelo (e melhor negócio), procura agora constantemente manter um certo nível através de todo o conteúdo que apresenta. A TNA já não tem esse cuidado.
Mas ainda há mais. Depois destas caricatas situações, é obrigatório referir que este Impact começou com um combate de jaula (um "Steel Asylum"), que podia ter sido bom... Não fossem os próprios fãs cantar "This is bullshit!" já mais para o fim. Numa jaula de constituição frágil que tinha mais aspecto de "Mini-Elimination Chamber" (ou super-gaiola para pássaros de grande porte), combateram alguns lutadores da X-Division, um dos quais deve ter passado dois minutos a tentar fugir pelo buraco redondo de meio metro no topo da jaula - aparentemente, o único modo de fuga. Claramente, a TNA considera os seus lutadores uns autênticos trapezistas, o que se evidenciou pelos cânticos coloridos da plateia.
E não sei porquê, há toda uma tendência para os temas mais obscuros (a começar pela falta de iluminação, nos segmentos dos bastidores!) com muitos lutadores ou a usar máscaras, ou com nomes que não lembram, literalmente, ao diabo - ou os dois ao mesmo tempo! O excesso de "gimmicks" é patente, e não sei até que ponto funcionará para uma maior aposta emocional da parte dos fãs.
Entretanto, e porque este tipo de comédia não pára, e vê-se realmente o cuidado que há com a apresentação do conteúdo, Mike Tenay refere o livro de Eric Bischoff, "Controversy Creates Cash" ao falar no ex-presidente da WCW e actual "sócio" de Hulk Hogan... Lembro que esse livro foi publicado pela WWE. Não há nada como promover a concorrência, não querendo promovê-la ao mesmo tempo.
E é curioso observar isto, particularmente quando a TNA tem um complexo de David e Golias... Só que mais parece que o David foi posto fora de casa.
É, e sempre foi, uma marca registada da TNA tentar gozar, ridicularizar e fazer troça da WWE, quando no fundo - salvo raríssimas excepções como Samoa Joe e AJ Styles - são os ex-talentos da dita empresa que dão o sustento à casa de Orlando, na Flórida.
E mais uma vez, o que ganham com isso? É por eu ridicularizar o parceiro do lado que vou ficar melhor visto? Ou fico melhor visto se realmente tratar dos meus defeitos primeiro? Não seria mais inteligente a TNA concentrar as suas energias em fazer histórias e personagens com pés e cabeça, em vez de se portarem como miúdos mimados do quinto ano ao dizerem "WWE sucks (Yeeeah)!"?
Porque não nos podemos esquecer que afinal, e de acordo com a TNA, a WWE é "Sports Entertainment" e a TNA é só "wrestling"... Então, para além de terem de enfrentar a dura realidade que estão a fazer de tudo para seguir o formato da WWE (Sports Entertainment), a Dixie Carter (que parece que está sempre a dormir em pé) tem de dar um puxão de orelhas no seu novo sócio, o "Imortal" Hulk Hogan que referiu esse termo proibido. Ai vais levar tautau, Hogan!...
Mas o Hogan é amigo, porque até deixa que interrompam um combate pelos títulos de Knockout para promover a sua chegada através de 10 segundos de uma imagem de motas de polícia e uma limusina branca. Isso é que é mostrar respeito pelo talento que se quer ajudar - para ajudá-los, é preciso espezinhá-los primeiro!
Sim, porque o Hogan traz amigos... Quem são eles? Scott Hall, X-Pac, Eric Bischoff! "A banda volta a reunir-se"! Festa e fogo-de-artifício para todos!... Pelo menos para o Hogan, os outros entraram pela porta das traseiras.
Ora agora sim, a TNA está prestes a tornar-se WCW número 2! Se der no que deu a primeira, daqui para a frente vai ser um mimo! O Eric Bischoff já não é o "ATM Eric", porque já não trabalha para o multi-milionário Ted Turner, mas como é sócio do Hogan e da Dixie Carter, pode ser que se orientem alguns trocos da Panda Energy para ir buscar mais talento à WWE, que tanto criticam.
Talento esse, que conta entretanto com Jeff Hardy, Ric Flair, e até Orlando Jordan... Nota-se algum padrão? É claro, todos ex-WWE. Mas a pergunta que mais me interessa é esta: e os outros, que já lá estão?! Onde é que há espaço no "card" para esta gente toda, e tudo ao mesmo tempo?
Ora, Jeff Hardy: ex-Campeão da WWE em várias categorias de cima a baixo. Actualmente acusado de tráfico de droga, mas isso é outra história. O Hulk Hogan de certo que reconheceu o "starpower" inerente ao atleta temerário.
Ric Flair: Woooo! Ex-Campeão Mundial por 16 vezes. Tem uma batelada de dinheiro para pagar mensalmente às ex-mulheres, e acabou de fazer há pouco tempo a Hulkamania Tour com o Hulk Hogan, por isso claro que dá jeito ao "Nature Boy" estar na casa de Orlando.
E por falar em Orlando: Orlando Jordan fez a sua estreia. Não fez nada de especial na WWE (foi pau-mandado do JBL durante dez meses... também conta?), mas alguma coisa o "Hulkster" há-de ter visto.
No rol de novos talentos também está incluído o amigo dos media de Hogan, Bubba "The Love" Sponge! Claro, esse grande profissional da comunicação... de quem ninguém ouviu falar, menos o Hogan.
E não esquecer os Nasty Boys, grandes amigos de longa data de Hogan e ex-Campeões de Tag Team da ex-WWF. Consta que, desta feita, trazem desodorizante na bagagem.
Mas é aqui que eu tenho alguns elogios a tecer, por isso não desesperem fãs da TNA, porque nem tudo é mau!
Referindo os aspectos que gostei (não exclusivos a qualquer "estreia"), por nenhuma ordem em particular, mas a começar pelos Nasty Boys, confesso que gostei da loucura e imprevisibilidade que a equipa traz à TNA. Parece que estão a começar uma rivalidade com os ausentes Team 3D, e sendo que as duas equipas têm tendência para o Hardcore, se é para a porrada, é mesmo para a porrada! Não me importava de ver um combate entre as duas equipas ao abrigo da TNA.
Bobby Lashley também é uma aposta ganha, seja qual for a empresa, e a Kristal mostra uma presença que nunca lhe foi permitido mostrar na WWE, e que mostra realmente do que a talentosa ex-Diva é capaz de fazer. E há que referir que, esta sim; ao contrário da Awesome Kong, de quem até o Yokozuna fugiria, é uma senhora, e uma verdadeira "knockout"!
O Tazz é um comentador excepcional, e a TNA pode agradecer aos anjinhos deste se ter fartado do calendário rigoroso da WWE.
A Tara (ex-Victoria) continua em grande forma, e apesar de ter sido derrotada pelo "bicho", depois meteu-lhe o "bicho" em cima. Get it?
Hulk Hogan, fisicamente está em grande, e possivelmente há muitos anos que não o víamos tão bem. É pena que não possa competir, mas ao mesmo tempo, dispenso um festival de "leg drops", poses para o público e o "Hulking Up" já deu o que tinha a dar.
O Eric Bischoff é como o nazi dos "Sacanas Sem Glória": é maravilhoso detestá-lo, e ele consegue que o façamos, tão bem! ("That's a bingo!")
E dando o referido prestígio aos seguintes nomes, não nos podemos esquecer dos "meninos de ouro" (e com o devido mérito) da TNA: Samoa Joe e AJ Styles. Cada qual, um atleta "Phenomenal" à sua maneira. Certamente que o AJ Styles seria bem recebido na WWE: de certeza que há quem pague, e bem, para vê-lo fazer a folha ao John Cena!
Portanto, fazendo o somatório no post mais longo que escrevi sobre a TNA num blog de outro modo 99% dedicado à WWE:
Talento na TNA: os principais, quase todos ex-WWE.
Cuidado de apresentação: uma boa produção, mas descuidados em aspectos críticos do produto!
Identidade: um misto de ECW com WCW com WWE sem realmente lembrar nada em particular ou ganhar uma identidade própria.
Orientação: O conteúdo peca por falta dela! É atirar para o tecto e ver se cola.
Prognóstico e conclusão: Por mais criticado que seja o dito, faz falta uma figura ao estilo de Vince McMahon para controlar tudo, do princípio ao fim, com um objectivo final, um público-alvo, estratégias claras de empresa, uma equipa de profissionais em todos os campos, e tudo com um punho de ferro. A TNA comete um grave erro sempre que vai buscar estrelas ex-WWE para dar força à sua própria programação, porque não é isso que a faz sair do lodo.
É certo que os números da última Segunda-feira foram os melhores que a TNA teve até hoje... Mas vão ver uma grave descida na próxima semana, especialmente se a emissão não for em directo. A novidade já passou: o regresso de Hogan e da NWO, a contratação inesperada de Jeff Hardy, a aquisição de Ric Flair... Mas e o futuro? Hogan, a NWO e o Ric Flair não vão durar para sempre, e mesmo Hardy é uma espécie de nómada que gosta de passear entre empresas, e quando não lhe apetece mais, vai para casa - e isto se não for parar à prisão primeiro. Vão criar um produto à volta do Orlando Jordan?? AJ Styles parece-me certamente a escolha mais adequada, e está a ocupar o lugar que merece.
E no que toca a histórias? É o conflito entre Mick Foley e Hulk Hogan/ex-nWo que prende a atenção de alguém? Os Nasty Boys podem até querer arrumar os Team 3D, ou vice-versa, mas não é combate de escalão de topo. Para isso já lá têm o Kurt Angle contra o AJ Styles, e a julgar pela evolução da TNA até agora, não tem ajudado muito...
Parece-me mais sensato que, com a ajuda de Hogan (que traz efectivamente muita experiência e bagagem com ele), a TNA finalmente perceba o que anda a fazer de mal, e já que tiram dos melhores, que aprendam com eles também, porque certamente não têm nada a perder com isso - isto se Hogan, Bischoff e companhia não tornarem a TNA a WCW #2.
Eu sou fã de wrestling, e quero voltar a ver um novo "wrestling boom". Mas a mim, este Impact não me cativou, e certamente que haverá mais gente que sente a mesma insatisfação.
"If you want to be the man, you've got to beat the man!" Se calhar neste caso, a TNA tem de "be the man" primeiro, e o resto vai por arrasto.
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