Tuesday, January 05, 2010

Perspectiva: O Regresso de Bret "The Hitman" Hart


Aviso: Este artigo contém "spoilers".

O Wrestling Traduzido orgulha-se de ser possivelmente o primeiro blog nacional a relatar os acontecimentos do RAW de ontem, dia 4 de Janeiro, principalmente no que respeita ao regresso de Bret "The Hitman" Hart à WWE - um acontecimento que muitos, inclusivamente o mesmo, julgavam improvável, senão mesmo impossível.

Eu, que sou fã da "Excellence of Execution" há tantos anos, e sempre o considerei o meu favorito pré-"Attitude Era" estava em pulgas para que chegasse esta passada segunda-feira, mesmo sabendo que só poderia ver a emissão no dia a seguir. Mas a vontade era grande demais, e portanto escrevo-vos às sete da manhã ainda sem ter pregado olho, para ver um regresso que se provou triunfante e com os ingredientes (quase) todos certos para o regresso a bom porto do "Hitman".

O programa começou em grande, sem qualquer necessidade para a habitual pirotecnia da praxe do início do programa, sabendo instintivamente o que já vinha aí: a chegada de Bret Hart. O momento em que Hart passou pelos ecrãs e se aproximou da rampa só pode ser mesmo igualado a assistir a uma WrestleMania: é ver para crer, e é quase bom demais para ser verdade. Mas era mesmo verdade, e esse momento sim, foi comemorado com toda a pompa e circunstância, que passou desde a promo inicial a antecipar o seu regresso, à reacção quase ensurdecedora do público, até à própria pirotecnia que o "Hitman" teve direito.

Sem mais margem para dúvidas, Bret Hart regressou à WWE.

E esta também não se poupou a cerimónias, e deu imediatamente aos fãs (aos quais Bret Hart já deve ter sido instruído para referir como "Universo WWE" conforme o novo protocolo instituído) aquilo que queriam: o confronto de Bret Hart com Shawn Michaels, um dos responsáveis do "Screwjob" na fatídica Survivor Series em Montreal, em 1997.

Bret Hart chamou e o "Heartbreak Kid" veio. E o assustadoramente mágico nesse momento é que toda a electricidade que existia no pavilhão, foi transposta para a casa do espectador, e senti-me literalmente sentado à borda do meu sofá completamente "vidrado" e em sintonia com todos os pequenos momentos, falados ou não falados, que se estavam a passar no ringue, nesta conversa entre Bret Hart e Shawn Michaels.

Muitas coisas foram ditas pelos dois, em relação às quais se sentiu uma verdadeira emoção dos respectivos intervenientes. Quando "HBK" entrou no ringue, quase que saíam fagulhas dos olhos de Hart. Quando Shawn Michaels mostrou, hesitantemente, a parte fraca, era quase palpável uma verdadeira emoção do actual Campeão de Tag Team.

Por melhor que seja a noção que quase tudo na WWE vem de um guião, o que é facto é que foram ditas muitas coisas entre os dois, que seria impossível ambas as Superstars não sentirem verdadeiramente, tendo em conta as circunstâncias muito reais nas quais se verificou a triste saída de Bret Hart da ex-WWF há 12 anos. E por esse motivo, toda a conversa entre os dois foi nada menos do que mágica, e extremamente cativante.

Tendo em conta o formato habitual do desenlace das histórias na WWE, as "tréguas" pareceram-me um pouco forçadas, e aí questiono um pouco a real veracidade das mesmas de um ponto de vista mais crítico, mas história ou não, foi certamente necessário para o que ainda aí viria.

O outro senhor que teve um papel bastante assente no "Screwjob", e que serviu realmente de "arquitecto" do mesmo, foi Vince McMahon, e era com o dono, presidente e Director Geral da WWE que o "Hitman" ainda tinha contas a acertar, para poder realmente fechar esse capítulo tão marcante e mediático da sua vida.

Mas o "boss" não se mostrou fácil, e até à última da hora não quis dar a parte fraca, acabando por, na última parte do espectáculo, cantar todo o tipo de louros a Bret Hart para distraí-lo do fulcro da conversa - coisa que fez com sucesso - para depois o atacar, deixando o espectador curioso em relação ao que acontecerá na próxima semana.

E é com este tipo de história e planeamento que realmente se cativa o espectador, e que foi tão bem conseguido neste último Raw: todos queríamos ver um verdadeiro confronto entre o "Hitman" e Vince McMahon, mas foi-nos negado por completo, deixando-nos por um lado chateados, mas por outro lado curiosos - e satisfeitos, pelo facto da história ter uma continuação que só promete aquecer até altura da WrestleMania.

Em suma, foi um começo de história extremamente bem conseguido com quase todos os ingredientes. Quase, porque talvez fosse igualmente interessante ver Shawn Michaels oferecer mais resistência, de modo a manter o cenário interessante no seio desta tríade, até à altura da WrestleMania.

No entanto, só o regresso de Bret "The Hitman" Hart por si, foi monumental. Foi verdadeiramente histórico, e como o próprio Shawn Michaels disse, nas palavras da sua personagem, "só coisas boas poderão acontecer".

Se tudo correr bem, e ninguém mais - Bret Hart inclusivé - for "screwed" nestes primeiros meses de 2010, diria que a WrestleMania 26 estará de feição e valerá a pena ver pela resolução final desta rivalidade que se estende de há 12 anos para cá.

Um forte aplauso à WWE. É bem merecido.

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