Monday, March 16, 2009

Crítica: "HItman: My Real Life in the Cartoon World of Wrestling"


Comprei há alguns meses esta autobiografia, e com uma simples leitura na diagonal antes de passar o cartão pela caixa, senti logo que era um livro a não perder. Não só pela curiosidade óbvia face à perspectiva do próprio Bret Hart relativamente ao "Montreal Screwjob", como também pelo facto do "Best There is, Best There Was and the Best There Ever Will Be", condecorado com o Título da WWE por cinco vezes ser - a seguir ao "Stone Cold" Steve Austin - o meu lutador favorito de todos os tempos.

Desde o momento em que peguei nele no início de Janeiro até ao começo do mês corrente que folheava as páginas do livro, absorvido, fascinado e até emocionado com os momentos de maior teor emocional, sentindo uma empatia com Bret Hart, mas acima de tudo, sentindo que o ex-integrante dos Hart Foundation é apenas uma pessoa vulgar como qualquer um de nós num mundo autenticamente circense, facto esse que se fez sentir desde a sua infância a aprender manobras com o pai - um "shooter" - Stu Hart até ao auge da sua carreira laudeada naquela que era conhecida como World Wrestling Federation.

Nunca deixando de nos cativar, e com a habilidade de Bret Hart nos prender a atenção (ao contrário de muitos lutadores, Hart não precisou de ninguém que o ajudasse a escrever o livro), o proviciano do Canadá e mestre do "Sharpshooter" dá-nos um reconto de toda a sua carreira, e vida à volta da mesma, com um nível de detalhe apenas possibilitado pela gravação diária de cassetes que ocorria ao fim de cada dia que passava, raramente incorrendo o risco das suas recordações serem preferenciais, e não factuais.

Assim, desde os seus primeiros tempos na luta greco-romana, à sua integração na ex-WWF, aos altos e baixos familiares (sendo um de 12 irmãos), ao "Montreal Screwjob", ao AVC que sofreu, entre outros tantos tópicos, Hart - ele próprio um artista - desenha, por palavras, um retrato ilustrado na perfeição do que era a sua vida no mundo de "BD" do wrestling; um mundo rico em histórias de todos os géneros, e um mundo de muito sacrifício para qualquer um que deseje atingir um patamar de fama.

Mais ainda, é surpreendente que, para além do detalhe, o "Hitman" demonstre uma humildade, uma forma de estar terra-a-terra, e uma objectividade que será difícil encontrar em outros já consagrados livros de outros lutadores autores.

Apesar de todos os momentos negativos, e mesmo trágicos (como a morte do irmão Owen Hart), sofridos no seio do wrestling e na sua vida, Hart demonstra uma paz de espírito supreendente face às tragédias que lhe aconteceram, nunca tendando moldar a opinião do leitor para uma opinião a favor do lutador canadiano, e deixando que seja o leitor a tirar as suas próprias conclusões, não procurando qualquer tipo de pena pela sua pessoa, dando-se apenas por satisfeito por esclarecer todos os assuntos do seu ponto de vista pessoal.

Sendo o livro uma compra mais do que recomendada, dos poucos comentários negativos que tenho a tecer, é que, apesar do seu "regresso" à WWE também fazer parte do livro(o momento de homenagem no Corredor da Fama em 2006) , a verdade é que não ficamos com uma clara imagem de todas as emoções que, por certo, rodavam à volta dele no período antecedente à sua homenagem, bem como as suas reflexões relativamente à meia hora de discurso que deu durante a mesma.

Estando talvez "estragado" com a qualidade, de resto, fantástica do livro, confesso que um momento de tamanha magnitude emocional como a homenagem ao Corredor da Fama não revela a dimensão de perspectiva que talvez devesse ter.

Em análise final, e conforme já referido, é um livro que não decepcionará fãs de wrestling e do Bret "The Hitman" Hart, sendo até perfeitamente acessível para aqueles que estão apenas vagamente interessados no desporto do wrestling e queiram ter uma perspectiva mais abrangente do tema.

Feitas as contas, e feito o equilíbrio justo da coisa, digo com toda a convicção que, tal como o autor, esta autobiografia de Bret "The Hitman" Hart, é "The Best There Is, The Best There Was, and The Best There Will Ever Be".

Obrigatório.


Off-topic relacionado: para breve, a "entrevista" de Natalya Neidhart (sobrinha de Bret Hart) no Wrestling Traduzido TV!

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