É sabido que o "Kiss Stealin', Wheelin' Dealin', Limousine Ridin', Jet Flyin' Son of a Gun", o mais recente Celebrado do Corredor da Fama (não só com mérito, mas com muito prestígio) "Nature Boy" Ric Flair terminou a sua carreira no ringue da WWE.
Para quem não saiba ainda, desde então que o "Nature Boy" andava a prestar serviço à empresa de Vince McMahon, a pedido deste, como "embaixador" para a WWE, desempenhando a função de estar presente onde quer que fossem cerimónias de algum prestígio/mediatismo para a empresa, entre outros eventos que merecessem destaque, e merecessem de igual forma a presença do "Nature Boy" Ric Flair.
Porque, não confundamos: estamos a falar de um ex-Campeão Mundial por 16 vezes que realmente mereceu todo o angle que teve a caminho da WrestleMania XXIV - WrestleMania essa, que ele terminou com todo o brilho. Sem dúvida que, nos olhos da grande maioria dos fãs, tinha sido um belíssimo desfecho de carreira.
Confesso que via perfeitamente o Ric Flair a passar os seus últimos anos de vida (que se espera que ainda sejam muitos) a desempenhar algum papel de apoio nos bastidores, fosse como agent - como é o caso com tantos ex-lutadores - fosse noutra qualidade qualquer.
Mas para quem não sabia ainda - e dada a pouca visibilidade de Flair desde a WrestleMania, que é compreensível - Flair demitiu-se de vez da WWE já há algumas semanas. Desde o término de carreira na WWE no papel de lutador activo, que têm chovido propostas e convites monetariamente apelativos para Flair, que não podia aceitá-los, dado o seu estatuto de contratado ao abrigo da World Wrestling Entertainment. E é legítimo.
Aquilo que me faz bastante confusão, e que foi perfeitamente enunciado por Paul Heyman na sua coluna do The Sun é: como é que alguém tão estimado e de tal forma reverenciado pelos fãs, que tem quase quatro décadas de carreira, que foi dos lutadores que mais títulos ganhou da História, passa de trabalhar da WWE, a maior empresa de wrestling à face da Terra, a aceitar biscates de promoçõezecas de terceiro grau, das quais ninguém ouviu falar? Lembro-vos: este é o "Nature Boy"!
As suas afamadas dificuldades financeiras eram assim tantas, que justificassem sacrificar um contrato lucrativo com a WWE em prol da tarifa mais alta que lhe pagarem para que faça uma promo - seja ela para quem for? Para que fale de beijar meninas (quando já não está nos seus 20 anos) para uma câmara (com um péssimo enquadramento e luz, ainda por cima), enquanto alguém lhe vai tirando fotografias com flash durante a promo inteira, como se estivesse no Zoo a ver um macaquinho saltar de um lado para o outro?...
Terá sido este o ponto a que o Ric Flair chegou? Uma "lenda" desgraçadita que, como é o exemplo do Ultimate Warrior na actualidade, faz de tudo para se agarrar ao dinheiro que lhe cair no colo, mas que só acaba por suscitar pena de "quem a viu, e quem a vê"?
"Leave the memories alone" (não estraguem as recordações) dizia a canção que servia para enfatizar a promo do Ric Flair a caminho da WrestleMania... Pois quem me dera que, de facto, ninguém estragasse as recordações que todos nós, que somos fãs de Ric Flair, temos, e que o final da carreira dele à frente de uma câmara, fosse de facto o final tão especial e único que a WWE lhe reservou no Hall of Fame, WrestleMania, e no Raw no dia a seguir.
Foram momentos únicos, de uma emoção inigualável, que deixaram todos os presentes em Orlando, e aqueles que estavam a assistir em casa, de lágrimas nos olhos, e com o coração a saltar da boca. E tudo isso para quê? Para estragar? E onde estará um mínimo de auto-estima para Richard Fliehr? Um mínimo de amor próprio? Um mínimo do GRANDE Ric Flair que todos nós conhecemos, que deve ser retratado com igual dimensão que aquela que é inerente à sua personagem?
É com bastante pena e alguma tristeza que vejo uma época tão decadente para uma das maiores, mais reconhecidas, mais reverenciadas, e mais respeitadas de todos os tempos - de longe.
Wooo...?
Artigo de Paul Heyman, e vídeo da promo
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