Thursday, September 21, 2006

Filmes: "See No Evil"



"See No Evil" (de nome português "O Coleccionador de Olhos"), é o primeiro empreendimento da WWE Films, a mais recente divisão da WWE, onde constam como actores principais Glen Jacobs (Kane) no papel de Jacob Goodnight e Samantha Noble no papel de Kira.

O enredo:
Jacob Goodnight é uma personagem profundamente atormentada por maus tratos psicológicos enquanto criança, em quem foi incutida a noção que os olhos são as janelas para a alma, e que para onde quer que estes olhem, só vêem pecado.

Kira é uma delinquente juvenil, que é enviada juntamente com outros condenados da sua instituição para limpeza e reaproveitamento de um velho hotel como lar para os sem-abrigo. O que este grupinho não sabe é que o hotel para onde foram enviados é a residência de Jacob Goodnight; residência essa que se revela um antro de mortes e tortura sem sentido.

De uma perspectiva pessoal:
Fui à antestreia com amigos (todos com t-shirts da WWE, logicamente!) e no começo do filme, sentimos um pequeno orgulho em ver o "W" sublinhado a vermelho, com um belíssimo grafismo a 3D. E é meu prazer fazer uma pequena nota em como se ouviram palmas quando este apareceu no grande ecrã... (eram as nossas). O clima era de alguma expectativa.

Infelizmente, quanto ao filme em si, dado os trailers que já tínhamos visto e dada a previsibilidade dos filmes de terror hoje em dia, sabia já à partida que satisfação completa seria difícil. Em todo o caso, procurei manter-me de mente aberta e ver os pontos positivos.

Mas após a conclusão do filme, não senti que houvesse nada de novo ou especialmente surpreendente na realização, fotografia, efeitos visuais, décor ou até representação... Em última análise, é um filme que "se vê".

Torna-se especialmente difícil retirar a personagem "Kane" de Glen Jacobs, enquanto este faz por representar Jacob Goodnight, dado que entre um e outro, da estatura física aos maneirismos, não há qualquer diferença. Pretendo salientar que (fora o furo na parte de trás da cabeça), podia (e deveria) ter havido mais empenho em criar um contraste mais visual e mais forte entre os dois, de modo a que nos deixássemos absorver pela ficção do filme.

Apesar da representação de Jacobs não ser má de todo (dado o seu porte natural, representa um vilão extremamente convincente na sua brutalidade), esta é estragada pela dificuldade em dissociar uma personagem da outra, para nós que estamos mais habituados a vê-lo como Kane no Monday Night Raw.

Há momentos em que Jacobs consegue efectivamente fazer-nos sentir algo mais que choque nos seus actos violentos e realmente absorver-nos para o filme. Momentos esses, porém, são raros e em pouca dose no filme.

Ainda há momentos de "terror" que me levaram a ter uma reacção contrária àquela que provavelmente era pretendida, o que provavelmente, e de modo geral, não será bom indício para a qualidade do guião em si.

Para finalizar, este é um filme que recorre muito ao "gore" e não hesita em fazer-nos sentir repugnados em dadas alturas, mas também são poucos os momentos onde esta reacção causa um efeito verdadeiramente eficaz.

Conclusão:
É sabido que a WWE gosta de se aventurar em áreas para além daquela em que realmente podem declarar "excelência de execução" e talvez não tenha começado este novo empreendimento com o projecto mais correcto.

Glen Jacobs é realmente um bom actor e é tão convincente no papel de Kane no Raw como no papel de Jacob Goodnight neste filme... Mas é precisamente no seu enorme potencial de representação que não foi explorado que está a enorme falha deste filme. Com um guião mais à medida de todo o talento que tem para oferecer, não tenho qualquer dúvida que o conseguisse levar por completo às costas. Mas infelizmente, não foi o caso.

"See No Evil" arrecadou cerca de 15 milhões de dólares em receitas nos EUA, mas é um número que é enganadoramente pequeno para o nível habitual da indústria cinematográfica americana; com um guião algo fraco, percebemos porquê.

Em todo o caso, gostos são gostos e pode haver sempre quem goste. Não perdem por matar a curiosidade.

De 0 a 10: 5.

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