Apesar deste não ser um filme da WWE ou com Superstars da mesma (para todos os efeitos, os lutadores protagonistas eram, na altura, da WCW), achei por bem comentar um filme que há muito tempo que andava para ver, "Ready to Rumble".
Obviamente "patrocinado" por Eric Bischoff da defunta World Championship Wrestling, o brilho deste filme está realmente na presença tão grande dos vários elementos inerentes àquela que foi uma das maiores promoções do wrestling do mundo. Desde o cenário completo, às luzes e pirotecnia, ao próprio ringue e até aos comentadores (como Tony Schiavoni e Mike Tenay), apresentadores ("Mean" Gene e até Michael Buffer) estrelas da WCW (desde Rey Mysterio sem máscara e Disco Inferno a Sting, Goldberg e Diamond Dallas Page, que tem um papel muito presente no filme), até ao próprio nome "WCW" que é constantemente usado, é um filme que traz uma muito agradável nostalgia. Até as Nitro Girls marcam uma forte presença (lembram-se delas?)! Mas infelizmente, o factor mais atraente do filme é mesmo esse. A história em si, não é nada que não tenha sido visto noutros formatos no âmbito de desportos "reais" (no filme, ouve-se frequentemente a popular e infame frase "wrestling is fake"). É uma comédia misturada com história de sonho e esperança, cujo fim se torna previsível a partir do momento em que "herói" e "apoiantes" são apresentados.
A história roda à volta de dois fãs incondicionais que vivem e respiram wrestling como qualquer fã que se preze. O seu herói, Jimmy King (interpretado de um modo brilhante por Oliver Platt) está a passar por um período turbulento da sua carreira, na medida em que Titus Sinclair (Joe Pantoliano que interpreta "Cypher" em "The Matrix" e o equivalente a Eric Bischoff neste filme), procura pôr um término à carreira do Campeão da WCW King, devido a uma quezília pessoal há muito por resolver.
O resultado: Jimmy King acaba a sua carreira na mó de baixo, cheio de dívidas, a viver numa auto-caravana após abandonar a família, e recusa-se a ter mais alguma coisa a ver com wrestling. É aqui que Gordie (David Arquette) e Sean (Scott Caan) decidem ajudá-lo a recuperar o que perdeu, para que o seu herói possa voltar a ocupar o lugar que, no ver destes fãs, lhe pertence.
O grande problema do argumento deste filme é parecer ter sido feito e pensado por "marks", sem um verdadeiro conhecimento acerca de como o wrestling funciona. Apesar de haver uma referência a um certo "smark-ismo" ao ouvirmos DDP perguntar "qual será o final do meu combate?" e Jimmy King dizer numa ocasião que "é apenas um espectáculo", o que é facto é que o argumento do filme parece tratar o wrestling mais como competição a sério do que uma forma de entretenimento.
Exemplo disso é o facto de King voltar à caça ao título gloriosamente, ao estilo de um Rocky Balboa, e disputá-lo num combate de jaula tripla (que recordações... nunca mais os vimos), mas não haver um mínimo de booking. E mesmo sem booking, como é que cabe na cabeça de alguém que um campeão possa ganhar ou deter um título sem o promotor assim o querer?
Um exemplo melhor, porém, é na fase de treino de Jimmy King, que abre uma procura a candidatos para uma futura Tag Team e lhe mostra o quão bom lutador é ao aplicar-lhes "suplexes", "hip tosses" e outras manobras que tais (que precisam de toda a cooperação do adversário!), com o intuito de os deixar estendidos no tapete, mostrando aos meninos que ainda têm muito a aprender.
E outro exemplo menos importante, mas sem sentido algum no mundo do wrestling, demonstrando alguma falta de atenção, é quando King finalmente vence o título (duh!) no já referido combate de jaula tripla e no fim do combate, já se consegue ler "The King" em letras bem grandes no Título da WCW. (Para não falar que as luzes que apontam para o ringue se estão sempre a mexer e a mudar de cor durante os combates, mas há que dar algum drama à acção... achou o realizador, pelo menos).
Mas fora estes defeitos, alguns pequenos, outros grandes, e fora uma história sem grande sentido (a menos que tenha sido feito para "marks", estatuto esse que, hoje em dia, mal algum fã de wrestling tem), é sempre agradável ver que muitas das actuais Superstars da WWE marcam presença num filme que realmente gira à volta de wrestling, e no qual podem brilhar um pouco a fazer o que melhor sabem. E é aqui, e na nostalgia de ver o período de glória da WCW (também eu era grande fã, quando dava na DSF), que todos os fãs ganham.
Wrestling goes Hollywood. É um filme para apreciar pelas recordações que nos traz.
Friday, July 14, 2006
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